terça-feira, 11 de maio de 2010

BARCO ENCALHADO...



***** BARCO ENCALHADO *****

Zulay Vargas


Um barco está agonizando no areal esquecido
há sido abandonado, olhando ao seu mar além...
sem ter o que mais mirar até o horizonte perdido
um suspiro se há ouvido mas não se vê ninguém.


Tem o sentir de condenado, por ter envelhecido
o antes envaidecido, morrendo na dor que retém
só advêm aquelas memorias do antes conseguido
quase já extinguido, encalhado, e do mar aquém.


Porém, ainda tem encanto, embora reduzido,
por todo o que há sido é imerecido tal desdém,
detém no tempo, sem motor, remo ou amigo,
o que consigo levou tantos, ora sem um alguém.


Quem lembra seu nome em proa e popa vencido?
Foi lido por tantos, antanho ficava-lhe tão bem...
a mais de cem milhas náuticas foi, ora jaz detido
mas hão sobrevivido, umas poucas letras: Vêm...!


Sustém parte do belo casco, sobra algo do há sido
num comovido ancoragem só ferrugem o vestem
se desunem os pedaços e volta ao mar espargido
num navegar merecido, irão os cacos que restem.

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Portugal-Venezuela, 11 de Janeiro de 2010
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